A música começava de leve, com tons suaves, acordes lentos, notas frescas, e ao decorrer desses dez minutos, crescia de uma forma absurda, e linda de se ouvir.
Tinha um jeito doce, de criar uma história interna, algo pra que fosse perfeito pra acarretar tal fundo musical, bem orquestrado e misterioso, sempre com aquela dúvida de 'esse é o final.
Se apeteceu ligeiramente por tais acordes e arranjos, lendo algo atoa, ouvia pela milésima vez a graduação inteligentissíma do autor.
Percebeu então na tela um insento, nenhum um tipo conhecido, ou ao qual se lembrava o nome. Tinha uns orifícios diferentes, um corpo desajeitado. Esqueceu do que lia, começou prestar atenção naquela vida 'estranha' que pousara ali.
O animal tentava inutilmente escalar a tela do computador, lisa e com uma luz insuportavél a sua visão, a cada três passos escorregava dois, mais não desistia.
Percebeu que estava fixada naquilo, não sentia mais nada do que estava fazendo, e só observava distraidamente o esforço daquele bixo. E ao fundo a música que crescia de forma linda.
Sentia que a música tinha formado corpo, passado de estágio de miniatura, e ido pra um grau bem mais elevado, e o insento ali, persistente na sua busca.
No decorrer dos dez minutos só fez isso, e quando caiu em si outra vez, percebeu o problema do animal. Ele mais fulgaz que nunca, descobriu o seu erro, e mudou a direção dos seus passos, subindo ao contrário. O que realmente adianto, ele chegou ao topo do monitor, e num impulso estranho, no acorde mais vísivel, no ápice da música, deslizou numa forma abstrata de diversão, figuração. Ficou abismada, sentiu o bixo olhando pra si, soltando um riso de gargalhada por ter sentido clêmencia a tal ato.
Sorriu pro inseto, ouviu a música até o fim. Depois percebeu que ele saíra voado, a deslizar sobre coisas impossíveis.
eloquência é recorte de jornal.
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