quarta-feira, 14 de março de 2012

O barulho do cigarro queimando, um canal qualquer na tv, um frio que não era do inverno, e sim de dentro, se aproximando cada vez mais, de uma forma que não deixava espaço para que algum tipo de ternura sobrasse.
Era a falta, das cervejas que o pai comprava, quando ainda se falavam, a falta do relacionamento que mantinha os dias com cores bonitas, a falta de sentimentos bons.
A frieza ia correndo, cada parte de um corpo que lutou muito para saber conviver com a alegria, tudo aquilo virou um amargo forte, que relutava para se fazer explodir a qualquer momento.
Ora sentia pena, ora sentia raiva, ora sentir rancor, e ora só conseguia se culpar.
O cigarro acabaria, o dia amanheceria, e permanecer ali na janela, vendo os carros vindo de longe, esperando que junto deles, chegasse uma novidade saltitante, algo que pudesse dar aos poros um ar de liberdade, de sanidade.
Com cansaço, buscando espaço, na dor que insistia, no tempo que não fazia nada além de passar, e repetir a cada lembrança que nem podia e nem deveria modificar nada.
Página por página, percorrendo essa aceitação estúpida de que ser algo de uso indevido, tinha virado rotina, quando mal queria, quando bem esquecia.
Que bela porra de sarcasmo, cadê o notório, inglório?
Sem mais, vai lá fingir que conseguiu, vai lá sorrir pra ilusão, vai lá viver a vida que anda te esperando desde o dia que desistiu de ser você.
Resolveu ir tomar uma cerveja, o bar fechado, a moto velha guardada, resolveu dormir, mas não conseguiu, então escreveu, e reescreveu, e venceu, mais uma madrugada de pura nostalgia.
Tem mais capítulos daquela novela puro sangue pra ver, apertou o play, se ajeitou no cobertor, acionou o despertador, e viajou num mundo que não era seu.
Talvez ali, por segundos distantes pudesse pensar em si!

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sutilidade entre a complexidade e a ambiguidade. ou um tiro no escuro (?)

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