sábado, 9 de abril de 2011

Era um cabide cheio de camisas, a maioria xadrez, era auge, era cool. Uma a uma foram sendo adquiridas por consumidores afoitos querendo estar nos trinque, com seus drinques, e suas famas.
Um alto, um gordo, um negro, uma ruiva, um padre, um gay, um alguém qualquer. Dali sairiam histórias, e muitas coisas que ao abrir o guarda roupa a velha e boa camisa, já gasta depois de tanto uso e abuso, sorria lembranças queridas, e até mesmo desaparecidas entre o cheiro de naftalina, anfetamina, e todos os outras toxinas que caminharam junto com aquele pedaço de tecido, com marcas que atravessavam umas as outras, da mesma maneira que a vida atravessa na frente de outras e tudo se difunde num contexto a ser guardado, lá no fundo.
O barulho dos desabotoar ouvia-se de longe, cada casa livre de seu hospede era um suspiro e uma graça na frente do espelho, mentalizando frases singulares que só faziam sentido para quem ousasse portar aquele vestuário tão mágico e importante.
Poderia ser uma peça íntima, não que deixasse de ser, poderia ser um lençol, um brinco, um salto, uma toalha, um guarda chuva, mais nenhum desses poderia ter a honra de ser aquela camisa xadrez.
Combinava com o all star sujo, com o chinelo torto, com a camisa branca, com o peito nu, combinada até com a insanidade que vivia batendo na porta, cobrando mais ação e menos reação.
Era verde, vermelha, amarela, azul, arco íris, céu, era tudo que a mente poderia projetar, era até onde a imagem se propagava e os efeitos conseguissem refletir, era do caralho.


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sutilidade entre a complexidade e a ambiguidade. ou um tiro no escuro (?)

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