Nem todo dia é de sol.

E os dias difíceis?! Existem milhares de teses, maneiras, fugas e subterfúgios para administrar e fazer com eles sejam mais leves. Acontece, eles aparecem, as consequências surgem, ai você senta, chora, admite que errou, e talvez isso não vá mudar em nada a situação, talvez você perca um amigo, desista de levar em consideração a imagem de bom que tanto preservava, resolve chutar o pau da barraca, mostrar que você tem voz ativa sim, e que ninguém vai poder tratar você de um outro jeito pelo simples fato de ter sido fraca, e ter cometido o que é esperado de todos, e uma das únicas certas e doloridas coisas, as pessoas tem o direito de errar, e nem sempre porque querem, erram para tentar acertar, ou erram pelo simples de usar aquilo que é de direito, expressar-se.

Tudo bem, são nesses dias que seus princípios e virtudes serão passados a limpo, a aula de ética vai soar como a mais cabível e até os delírios de Freud se encaixaram na situação em que você se sente, um amontoado de remorsos e arrependimentos, que se tornam vereditos encima de visões e opiniões que nem perto das suas chegaram.

A vidraça do ônibus vai escorrer, porque tem chuva lá fora, que tenta levar esse agosto para bem longe, alguém dirá que precisa terminar uma situação, outro alguém ficará bêbado pra tentar fugir de outra consolação, alguns tomam partidos e vão embora, e o cromos se encarrega mais uma vez de fazer o ponteiro andar, o coração acalmar, as coisas se ajeitarem mesmo que laços foram cortados, mesmo que não se pode mais contar com quem estava do seu lado ontem.

E no final do dia, um singelo sorriso irá mudar todo o percurso, duas ou três palavras serão o suficiente para a sua cabeça tombar no travesseiro que é de direito, que carrega melhor que ninguém cada pensamento, cada ideia, e cada opção, com uma sensação de um possível dever comprido, exigido, ou talvez de um possível erro, que trouxe junto dele alguns acertos, ou até pontos em você mesmo que ninguém fazia ideia que podia existir.

Ali, quando a única coisa que permanecer for você e você mesmo, encontrará todas as respostas, e saberá que amanhã a chuva pode continuar, agosto ainda não acabou, e vai precisar, de cabeça erguida, enfrentar um exercito de contras que ajudou a criar, e que daqui pra frente as pessoas podem e tem o direito de falar coisa horríveis a seu respeito, mais aquele alguém, aqueles, que seguraram sua mão perante a mais um dia difícil, não ouviram essas coisas, sabe porque? porque eles já sabiam, e o aceitam exatamente da maneira que você é.